segunda-feira, 29 de junho de 2009

Talento Suburbano?




Primeiramente eu gostaria de pedir licença a vocês pela minha breve crítica a essa peça, críticas nem sempre são negativas, acreditem. Mas, como nem todo mundo é perfeito...

Como não falar do trabalho espetacular de Thalita Carauta em “Os Suburbanos”? Como não lamentar o erro de Manoel Carlos ao permitir que ela não tivesse um espaço maior em Páginas da Vida?

Os Suburbanos é o nosso retrato, o retratado do povo brasileiro, daqueles que são obrigados a entrar em trens cheios ou a pegar lotações porque o governo não investe na melhoria de transportes públicos. Mostra a dependência e a precariedade da saúde brasileira.
Thalita Carauta se entrega a personagens que contrastam, passando de funkeira à evangélica fanática num estalar de dedos, e com maestria. O talento de Thalita no palco nos faz esquecer de erros primários como o baixo volume de Rodrigo Sant’Anna. Outro destaque é para atriz Isabelle Marques que passou por três personagens, e ainda fez questão de ajudar o colega de cena quando ele errou o texto. Siiiim! Ele errou o texto! Inverteu a ordem de palavras, voltou atrás, hesitou, e Isabella falou não só uma, mas duas vezes para que ele continuasse a peça. É! De onde eu venho, ter o texto decorado e ter noções de improviso é o mínimo que exigem para que possamos subir num palco. Mas como esperar muita coisa de alguém que está na Turma do Didi?

O destaque de Rodrigo Sant’Anna se dá quando ele interpreta um travesti, nesse momento conseguimos esquecer todos os palavrões desnecessários, e o falsete que prejudicava o entendimento de partes cruciais da peça.

Quanto ao texto é do próprio ator e diretor da peça, e é bastante inteligente. Sua interação me lembrou bastante a peça BOOM, de Jorge Fernando, com suas brincadeiras intestinais (acho que posso chamar assim).O cenário é bastante prático, e o figurino é simples, mas atende a todas as necessidades dos atores.

A peça ainda conta com um grupo de pagode que canta ao vivo, músicas como Você me vira a cabeça, conhecida na voz de Alcione. Este grupo infelizmente é composto por cinco componentes sem formação artística.

A direção é de Rodrigo Sant’Anna, que comete um erro grave enchendo o palco com o grupo em situações onde seriam necessárias apenas duas pessoas para o que chamamos de “figuração”. Esse caso é apenas mais um exemplo de que a auto-direção não funciona, desde que o ator tenha bastante experiência e tenha alguém para supervisioná-lo.


É isso! Espero que tenham gostado da minha primeira crítica para este blog. E, sim! Assistam a peça, ela é muito boa, eu assisti duas vezes para ter certeza do que iria dizer aqui. É claro que o meu olhar é muito mais técnico, e não poderia ser diferente, uma vez que já faço teatro há algum tempo, então não se assustem. Para quem quer uma comédia, esta é uma boa opção para o domingo à noite.

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