segunda-feira, 29 de junho de 2009

Talento Suburbano?




Primeiramente eu gostaria de pedir licença a vocês pela minha breve crítica a essa peça, críticas nem sempre são negativas, acreditem. Mas, como nem todo mundo é perfeito...

Como não falar do trabalho espetacular de Thalita Carauta em “Os Suburbanos”? Como não lamentar o erro de Manoel Carlos ao permitir que ela não tivesse um espaço maior em Páginas da Vida?

Os Suburbanos é o nosso retrato, o retratado do povo brasileiro, daqueles que são obrigados a entrar em trens cheios ou a pegar lotações porque o governo não investe na melhoria de transportes públicos. Mostra a dependência e a precariedade da saúde brasileira.
Thalita Carauta se entrega a personagens que contrastam, passando de funkeira à evangélica fanática num estalar de dedos, e com maestria. O talento de Thalita no palco nos faz esquecer de erros primários como o baixo volume de Rodrigo Sant’Anna. Outro destaque é para atriz Isabelle Marques que passou por três personagens, e ainda fez questão de ajudar o colega de cena quando ele errou o texto. Siiiim! Ele errou o texto! Inverteu a ordem de palavras, voltou atrás, hesitou, e Isabella falou não só uma, mas duas vezes para que ele continuasse a peça. É! De onde eu venho, ter o texto decorado e ter noções de improviso é o mínimo que exigem para que possamos subir num palco. Mas como esperar muita coisa de alguém que está na Turma do Didi?

O destaque de Rodrigo Sant’Anna se dá quando ele interpreta um travesti, nesse momento conseguimos esquecer todos os palavrões desnecessários, e o falsete que prejudicava o entendimento de partes cruciais da peça.

Quanto ao texto é do próprio ator e diretor da peça, e é bastante inteligente. Sua interação me lembrou bastante a peça BOOM, de Jorge Fernando, com suas brincadeiras intestinais (acho que posso chamar assim).O cenário é bastante prático, e o figurino é simples, mas atende a todas as necessidades dos atores.

A peça ainda conta com um grupo de pagode que canta ao vivo, músicas como Você me vira a cabeça, conhecida na voz de Alcione. Este grupo infelizmente é composto por cinco componentes sem formação artística.

A direção é de Rodrigo Sant’Anna, que comete um erro grave enchendo o palco com o grupo em situações onde seriam necessárias apenas duas pessoas para o que chamamos de “figuração”. Esse caso é apenas mais um exemplo de que a auto-direção não funciona, desde que o ator tenha bastante experiência e tenha alguém para supervisioná-lo.


É isso! Espero que tenham gostado da minha primeira crítica para este blog. E, sim! Assistam a peça, ela é muito boa, eu assisti duas vezes para ter certeza do que iria dizer aqui. É claro que o meu olhar é muito mais técnico, e não poderia ser diferente, uma vez que já faço teatro há algum tempo, então não se assustem. Para quem quer uma comédia, esta é uma boa opção para o domingo à noite.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

TOP 5 - VILÃS

Olá,
meu nome é Fernanda Ielpo, sou atriz e primeira-dama deste blog (em todos os sentidos da expressão!). Resolvi escrever esse primeiro post porque estou vendo que isso aqui está um pouco parado, não acham?
Bom, nós sabemos que os apaixonados por teatro, geralmente assistem muita TV, muitos filmes, e têm um gosto um tanto peculiar para escolher seus ícones, suas fontes de inspiração. Eu, por exemplo, adoro os vilões, quando bem feitos. Por isso, separei uma lista com cinco vilões que mais deixaram o público alvoroçado, pelo menos em minha opinião.

1) BIA FALCÃO – Fernanda Montenegro

Matriarca da família Assumpção e fundadora de uma grande empresa chamada Belíssima. Criou os netos para que assumissem seu lugar na presidência da empresa. Mulher elegante, de pulso firme, bastante impaciente e intolerante. Sofreu uma decepção amorosa no passado, o que explica suas atitudes atrozes.


2) ODETE ROITMAN - Beatriz Segall
Odete Roitman é a vilã mais famosa da teledramaturgia brasileira. Interpretada por Beatriz Segall, na novela Vale Tudo, em 1988, Odete era dotada de uma certa superioridade.




3) MARTA – Lília Cabral
Mulher de coração muito duro que detesta crianças, apesar de trabalhar organizando festas infantis. É pretensiosa e sonha alto, deseja que seus filhos realizem tudo o que ela sonhou realizar um dia.




4) NAZARÉ TEDESCO – Renata Sorrah

Naza, era uma profissional do sexo, que desesperada rouba uma criança para casar-se com seu amante. Para manter seu segredo e manter um nível de vida um tanto quanto confortável, acaba cometendo assassinatos.




5) LAURA PRUDENTE DA COSTA – Claudia Abreu

Laura Prudente da Costa se aproxima de Maria Clara dizendo ser sua maior fã e consegue um emprego em sua empresa, depois disso, ela rouba a vida de Maria Clara, ficando com sua casa, empresa, e todos os bens.



É isso! Espero que tenham gostado!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Dois perdidos numa noite suja

A obra de Plínio Marcos novamente ganha vida, dessa vez, no palco do Sesc Madureira. A peça interpretada por André Gonçalves e Freddy Ribeiro e com direção de Sílvio Guindane, conta a história de dois operários, Paco e Tonho, que trabalham num mercado de peixe do cais do porto descarregando caminhões.
Falidos e semi-marginalizados, ambos dividem um quarto de quinta categoria onde se desenrola toda a trama.
Paco adora matar o tempo tocando sua gaita e provocando Tonho, que não vê a hora de se livrar de Paco e ter uma vida melhor. Mas para que esse sonho se torne realidade Tonho precisa dos sapatos novos de Paco, que por sua vez não quer emprestar. Tonho então propõe a Paco uma troca: Paco emprestaria os sapatos a Tonho para que este conseguisse o tão almejado emprego, e, assim que tivesse dinheiro, compraria uma flauta novinha para Paco, que poderia, enfim, realizar seu sonho de ganhar dinheiro como artista.
O cenário é simples, porem funcional. A iluminação deixou a desejar em algumas cenas, assim como a sonoplastia, mas não foram de todo mal. Vale ressaltar que esses detalhes técnicos só foram menos cobrados, porque o espetáculo foi muito bem conduzido por André Gonçalves, que soube explorar todas as possibilidades que sua personagem podia lhe oferecer dando forma ao drama e um ritmo eletrizante nos diálogos, utilizando-se dos mais variados falsetes e trejeitos, conseguiu dar realismo e naturalidade a suas cenas. Ele tinha a platéia em suas mãos, que gargalhava quando ele sorria, se comovia ao perceber suas dificuldades e desesperava-se quando este estava em apuros. Sem sombra de dúvidas foi uma bela atuação de André Gonçalves, o que já não se pode dizer da atuação de Freddy Ribeiro, que desde o início mostrou para o público que estava cuspindo um texto decorado, não se percebia naturalidade e tampouco realismo. Suas expressões estavam mornas e de jeito algum conseguiu conduzir a platéia, ele apenas quebrava a atenção que nós, na platéia, dávamos as interpretações de André Gonçalves. Contudo, do meio para o final, ele parece ter percebido a necessidade de fazer um teatro mais naturalista e bem executado. Enfim, espero que nós, público e atores, tenhamos um espetáculo bem representado, não só na Zona Sul, mas também em nossos teatros do subúrbio, pois também somos dotados de inteligência.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Herança Cultural

Augusto Boal nasceu em 1931, no bairro da Penha, Rio de Janeiro.
Ainda na infância escrevia, ensaiava e montava suas próprias peças nos encontros de família. Em 1950, por um sonho do pai conclui o curso de química na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Boal então vai para Nova York dar continuidade aos seus estudos de teatro na Universidade de Columbia onde aprende direção e dramaturgia com um de seus mestres John Gassner. Seis anos mais tarde, a convite de Sábato Magaldi e Zé Renato, mentor artístico da companhia, Boal volta ao Brasil, para dirigir o Teatro de Arena de São Paulo. Juntos, Boal e Zé, imprimem uma aguerrida força para a ascensão e direcionamento do grupo, investindo na formação dramatúrgica, em laboratórios de interpretação e diversas montagens, o que institui um curso prático de dramaturgia. O arena passa a ser, então, uma revolução estética, contribuindo vigorosamente para a criação de uma dramaturgia genuinamente brasileira.
Através de sua experiência norte-americana, Boal adapta o método Stanislavski às condições brasileiras e ao formato de teatro de arena, dando corpo há uma interpretação naturalista nunca antes experimentada no país. Isso despertou no grupo uma visão ideológica esquerdista, fator esse, predominante, na investigação dramatúrgica e interpretativa das discussões e reivindicações nacionalistas. Para seguir com uma investigação tão peculiar da realidade brasileira, Boal sugere a criação de um Seminário de Dramaturgia. Paralelo a isso, avançam a Bossa Nova e o Cinema Novo, o Brasil vivia um momento de valorização do “tudo nacional”.
Considerado um dos melhores encenadores e um grande ideólogo no panorama paulista, Boal inicia uma investigação voltada para o teatro de Bertold Brecht, que trata de formas não realistas inspiradas nas tradições cômicas e populares a serviço de um esmagador protesto político-social. Após enfrentar os altos e baixos com o Arena, inicia uma fase de nacionalização dos clássicos. Boal, já sem a companhia de Zé Renato, vê anos mais tarde uma efetiva ação do golpe militar, o que o motiva a ir ao Rio de Janeiro dirigir o show Opinião, com Zé Kéti, João do Vale e Nara Leão (depois substituída por Maria Bethânia). A iniciativa surge de um grupo de autores ligados ao Centro Popular de Cultura da Une – CPC, posto na ilegalidade - Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes e Armando Costa reúnem-se no intento de criar um foco de resistência à situação. O evento torna-se sucesso instantâneo e contagia diversos outros setores artísticos, aglutinando artistas ligados aos movimentos de arte popular. Nascia aí o Grupo Opinião.
Ao retornar de São Paulo, Boal encontra o grupo Arena na reconstrução do histórico episódio Quilombo de Palmares, é nesse momento que se inicia o ciclo de musicais na companhia, dando ao grupo uma nova linguagem.
Em 1965, o Arena experimentou um novo formato de trabalho, onde oito atores revezavam-se entre todas as personagens teatralizando cenas fragmentadas e independentes, enquanto um ator coringa tem a função narrativa de fazer as interligações, as cenas ganhavam um aspecto de grande seminário dramatizado é a partir desse formato que Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo dão forma ao Arena Conta Zumbi. A música é primordial para o espetáculo, estabelecendo uma conexão entre as cenas, e a trama é generosamente presenteada com tons líricos ou exortativos. A bem-sucedida realização e o sucesso de público determinam novas versões de Arena Conta..., que resultam na teorização do método. No mesmo ano Boal escreve e dirige Arena Conta Bahia, direção musical de Gilberto Gil e Caetano Veloso, com Maria Bethânia e Tom Zé no elenco. Segue-se o texto Tempo de Guerra, seu e de Guarnieri, pelo Oficina, construído com poemas de Brecht, com Gil, Maria da Graça (Gal Costa), Tom Zé e Maria Bethânia, sob sua direção.
A primeira feira Paulista de Opinião concebida e encenada por Boal no Teatro Ruth Escobar trata-se de uma reunião de textos curtos de vários autores, depoimento teatral sobre o Brasil de 1968. Estão presentes peças de Lauro César Muniz, Bráulio Pedroso, Guarnieri, Jorge Andrade, Plínio Marcos e Boal. O diretor apresenta o espetáculo na íntegra, ignorando os mais de 70 cortes estabelecidos pela Censura, incitando a desobediência civil. Luta arduamente pela permanência da peça em cartaz depois de sua proibição. No mesmo ano, segue-se Mac Bird, de Barbara Garson, uma transposição de Macbeth, de Shakespeare, para o universo norte-americano.
Com a decretação do Ato Institucional nº 5 em fins de 1968, o Arena excursiona pelos Estados Unidos, México, Peru e Argentina. Boal então escreve e dirige Arena Conta Bolivar, inédita no Brasil, que soma ao antigo repertório. Ao retornar com uma equipe recém saída do Arena, Boal cria o Teatro-Jornal, e o grupo demonstra um talento e vigor tão surpreendente que tornam-se o Teatro Núcleo Independente, com uma grande relevância na periferia paulistana dos anos 1970. Porém, o que o Arena não esperava, entretanto, era que seu líder fosse no ano de 1971 preso, torturado e exilado, passando agora a residir na Argentina. Todavia, aproveitando-se de sua estadia com os hermanos, Boal dirige o grupo “El Machete”, de Buenos Aires, e monta de sua autoria “ O grande acordo internacional do tio Patinhas”, “Torquemada”e “Revolução na América do Sul”. Inicia intensas viagens por toda América Latina onde começa a desenvolver a estrutura teórica dos procedimentos do Teatro do Oprimido. Em 1976 muda-se para Lisboa onde dirige o grupo A Barraca, realizando a montagem A Barraca Conta Tiradentes (1977). Dois anos mais tarde é convidado para lecionar na Université de la Sorbonne-Nouvelle, e a partir de 1978 estabelece-se em Paris criando um centro para pesquisa e difusão do Théatre de I ´Opprimé – Augusto Boal. Com a anistia retorna em 1984 ao Brasil onde aplica cursos e desenvolve atividades ligadas ao oprimido, não só no Rio de Janeiro, mas em cidades pelo mundo inteiro, como Nuremberg, Wuppertal e Hong Kong. No Brasil, após seu regresso, dirige o musical O Corsário do Rei, texto de sua autoria, com músicas de Edu Lobo e letras de Chico Buarque em 1985; Fedra, de Jean Racine, com Fernanda Montenegro no papel-título. No ano de 1986, Boal junto a outros artistas populares cria o Centro do Teatro do Oprimido-CTO-Rio, desenvolve projetos com Ong's, sindicatos, universidades e prefeituras. Em 1992 candidata-se e é eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro pelo PT. Após transformar um espectador em ator com o teatro do oprimido, Boal transforma o eleitor em legislador. Utilizando o teatro como política, em sessões solenes e simbólicas. Encaminha à câmara de vereadores 33 projetos de lei, dos quais 14 tronam-se leis municipais. Há cerca de um mês recebeu uma homenagem na sede da Unesco em Paris quando foi nomeado embaixador de teatro. A principal criação de Augusto Boal, o teatro do oprimido, é hoje uma realidade mundial, sendo a metodologia mais conhecida e praticada nos cinco continentes.
Sem dúvidas, Boal foi um homem muito a frente do seu tempo, sua representatividade, não só para o teatro brasileiro, mas em todo o mundo, é de suma importância. É bom para um ator saber que tudo é possível e que ideologias servem para manter vivas as nossas esperanças, com a certeza que o teatro sempre vai nos proporcionar a sensação de poder viver todos os amores, tristezas e prazeres. Sendo assim, jamais deixemos que as barreiras do preconceito e a banalização de nossa arte, venham novamente proferir discursos retrógrados, estipulados por convenções que só aleijam o teatro.
Obrigado Boal, por nos deixar essa herança cultural, que só contribuirá pra o crescimento de nosso teatro brasileiro.

Espetáculos:
- Adaptação

  • 1960 - São Paulo SP- A engrenagem
  • 1963 - São Paulo SP - O melhor juiz, o rei
  • 1963 - Rio de Janeiro RJ - As Famosas Asturianas
  • 1965 - São Paulo SP - Tempo de Guerra
  • 1976 - Rio de Janeiro RJ - Mulheres de Atenas
  • 1999 - Rio de Janeiro RJ - Carmen

- Autoria:

  • 1957 - São Paulo SP - Do Outro Lado da Rua
  • 1957 - São Paulo SP - Marido Magro, Mulher Chata
  • 1958 - São Paulo SP - Martim-Pescador
  • 1960 - São Paulo SP - Revolução na América do Sul
  • 1960 - Recife PE - Marido Magro, Mulher Chata
  • 1961 - São Paulo SP - José, do Parto à Sepultura
  • 1962 - Recife PE - Julgamento em Novo Sol
  • 1963 - Rio de Janeiro RJ - Revolução na América do Sul
  • 1965 - São Paulo SP - Arena Conta Zumbi
  • 1965 - São Paulo SP - Arena Canta Bahia
  • 1965 - Rio de Janeiro RJ - Arena Conta Zumbi
  • 1967 - São Paulo SP - Arena Conta Tiradentes
  • 1967 - São Paulo SP - A Criação do Mundo Segundo Ari Toledo
  • 1968 - São Paulo SP - A Lua Muito Pequena
  • 1968 - São Paulo SP - A Caminhada Perigosa
  • 1969 - Nova York (Estados Unidos) - Arena Conta Zumbi
  • 1969 - São Paulo SP - Chiclete com Banana
  • 1969 - Porto Alegre RS - Arena Conta Tiradentes
  • 1970 - Curitiba PR - Arena Conta Zumbi
  • 1970 - São Paulo SP - Arena Conta Bolívar
  • 1970 - Nova York (Estados Unidos) - Arena Conta Bolivar
  • 1970 - Buenos Aires (Argentina) - Arena Conta Zumbi
  • 1971 - Curitiba PR - Arena Conta Tiradentes
  • 1971 - Buenos Aires (Argentina) - Torquemada
  • 1971 - Nancy (França) - Arena Conta Zumbi
  • 1974 - Nova York (Estados Unidos) - Tio Patinhas e a Pílula
  • 1976 - Rio de Janeiro RJ - Arena Conta Zumbi
  • 1976 - Lisboa (Portugal) - Lisa
  • 1976 - Lisboa (Portugal) - A Tempestade
  • 1977 - Lisboa (Portugal) - A Barraca Conta Tiradentes
  • 1978 - São Paulo SP - Murro em Ponta de Faca
  • 1979 - Paris (França) - Milagre no Brasil
  • 1980 - Paris (França) - Stop: C´est Magique
  • 1980 - Recife PE - Murro em Ponta de Faca
  • 1985 - Rio de Janeiro RJ - O Corsário do Rei
  • 1988 - Porto Alegre RS - A História do Homem que Lutou Sem Conhecer Seu Grande Inimigo
  • 1990 - Estocolmo (Suécia) - Murro em Ponta de Faca
  • 1990 - São Paulo SP - Somos 31 Milhões... e Agora?
  • 1996 - Hong Kong (China) - O Arco-Iris do Desejo
  • 1996 - Porto Alegre RS - A Heroína da Pindaíba
  • 1998 - Paris (França) - A Herança Maldita - Um Boulevard Macabro
  • 1998 - Paris (França) - O Amigo Oculto
  • 2005 - (Portugal) - O Canto do Teatro Brasileiro I
- Direção:
  • s.d. - Paris (França) - Cândida Erendira
  • s.d. - Nada Mais a Calingasta
  • 1956 - São Paulo SP - Ratos e Homens
  • 1957 - São Paulo SP - Marido Magro, Mulher Chata
  • 1957 - São Paulo SP - Juno e o Pavão
  • 1958 - São Paulo SP - A Mulher do Outro
  • 1958 - São Paulo SP - A Valsa dos Toreadores
  • 1958 - São Paulo SP - Society em Baby Doll
  • 1959 - São Paulo SP - A Farsa da Esposa Perfeita
  • 1959 - São Paulo SP - Chapetuba Futebol Clube
  • 1959 - São Paulo SP - Gente como a Gente
  • 1959 - Rio de Janeiro RJ - Chapetuba Futebol Clube
  • 1960 - São Paulo SP - A Engrenagem
  • 1960 - São Paulo SP - Fogo Frio
  • 1961 - São Paulo SP - Pintado de Alegre
  • 1961 - São Paulo SP - O Testamento do Cangaceiro
  • 1962 - São Paulo SP - A Mandrágora
  • 1962 - São Paulo SP - Um Bonde Chamado Desejo
  • 1963 - São Paulo SP - O Melhor Juiz, o Rei
  • 1963 - São Paulo SP - O Noviço
  • 1963 - São Paulo SP - A Mandrágora
  • 1964 - São Paulo SP - Tartufo
  • 1964 - Rio de Janeiro RJ - Opinião
  • 1965 - São Paulo SP - Arena Conta Zumbi
  • 1965 - São Paulo SP - Arena Canta Bahia
  • 1965 - São Paulo SP - Tempo de Guerra
  • 1966 - São Paulo SP - O Inspetor Geral
  • 1967 - São Paulo SP - Arena Conta Tiradentes
  • 1967 - São Paulo SP - O Círculo de Giz Caucasiano
  • 1967 - São Paulo SP - La Moschetta
  • 1967 - São Paulo SP - O Comportamento Sexual Segundo Ari Toledo
  • 1968 - São Paulo SP - O Sr. Doutor
  • 1968 - São Paulo SP - Animália
  • 1968 - São Paulo SP - A Receita
  • 1968 - São Paulo SP - Verde que Te Quero Verde
  • 1968 - São Paulo SP - A Lua Muito Pequena
  • 1968 - São Paulo SP - O Líder
  • 1968 - São Paulo SP - Praça do Povo
  • 1968 - São Paulo SP - Mac Bird
  • 1968 - São Paulo SP - O Negócio
  • 1968 - São Paulo SP - A Resistível Ascensão de Arturo Ui
  • 1968 - São Paulo SP - A Caminhada Perigosa
  • 1969 - São Paulo SP - A Comédia Atômica
  • 1969 - Nova York (Estados Unidos) - Arena Conta Zumbi
  • 1969 - São Paulo SP - Chiclete com Banana
  • 1969 - São Paulo SP - O Que É Que Vamos Fazer Esta Noite
  • 1970 - São Paulo SP - A Resistível Ascensão de Arturo Ui
  • 1970 - Curitiba PR - Arena Conta Zumbi
  • 1970 - São Paulo SP - Arena Conta Bolívar
  • 1970 - Nova York (Estados Unidos) - Arena Conta Bolivar
  • 1970 - São Paulo SP - Teatro Jornal - 1ª Edição
  • 1970 - Buenos Aires (Argentina) - Arena Conta Bolivar
  • 1970 - Buenos Aires (Argentina) - Arena Conta Zumbi
  • 1971 - Curitiba PR - Arena Conta Tiradentes
  • 1971 - Buenos Aires (Argentina) - Torquemada
  • 1971 - Nova York (Estados Unidos) - Feira Latino-America de Opinião
  • 1971 - Nancy (França) - Arena Conta Zumbi
  • 1974 - Nova York (Estados Unidos) - Tio Patinhas e a Pílula
  • 1976 - Rio de Janeiro RJ - Tempestade-Calibã
  • 1977 - Lisboa (Portugal) - A Barraca Conta Tiradentes
  • 1984 - Wuppertal (Alemanha) - El Publico
  • 1985 - Rio de Janeiro RJ - O Corsário do Rei
  • 1986 - Rio de Janeiro RJ - Fedra
  • 1986 - Nuremberg (Alemanha) - Sonho de Uma Noite de Verão
  • 1987 - São Paulo SP - Malasangre
  • 1989 - Rio de Janeiro RJ - Encontro Marcado
  • 1995 - Paris (França) - Ifigênia em Aulis
  • 1996 -Stratford-upon-Avon (Reino Unido) - Hamlet
  • 1996 - Hong Kong (China) - O Arco-Iris do Desejo
  • 1999 - Rio de Janeiro RJ - Carmen
  • 1999 - Rio de Janeiro RJ - O Chuveiro Iluminado
  • 2002 - Rio de Janeiro RJ - La Traviata

- Interpretação:

  • 1960 - São Paulo SP - Revolução na América do Sul
- Roteiro:
  • 1964 - São Paulo SP - Tartufo
  • 1968 - São Paulo SP - Praça do Povo
- Tradução:
  • 1960 - São Paulo SP - A Engrenagem
  • 1978 - Porto Alegre RS - O Inspetor Geral

- Cronologia:
1949/1950 - Rio de Janeiro RJ - Curso de química na Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ 1956 - Nova York (Estados Unidos) - Curso de dramaturgia e direção na Universidade de Columbia
1967 - São Paulo SP - Prêmio Molière pela criação do Sistema Coringa
1981 - Paris (França) - Officier de L'Ordre des Arts et des Lettres - Ministério da Cultura e Comunicação da França
1994 - Medalha Pablo Picasso - Unesco
1995 - Gauting, Baviera (Alemanha) - Prix Culturel - Institut Für Jugendarbeit
1995 - Queensland (Austrália) - Outstanding Cultural Contribution - Academy of the Arts, University of Technology
1996 - Götemborg (Suécia) - Cultural Medal for Creative Arts - Götemborg University
1997 - Estados Unidos - Lifetime Achievement Award - American Association of Theatre in Higher Education
1998 - Barcelona (Espanha) - Premi D´Honor, Institutet de Teatre
1998 - México - Premio de Honor, Instituto de Teatro de México
2001 - Londres (Inglaterra) - Doctor Honoris Causa in Literature - Queen Mary University of London
2002 - Rio de Janeiro RJ - Baluarte do Samba, oferecido pela Escola de Samba Acadêmicos da Barra da Tijuca
2003 - Nova York (Estados Unidos) - Proclamação do Dia do Teatro do Oprimido (Proclamation of the Theatre of The Oppressed Day) - 7 de maio
2004 - Rio de Janeiro RJ - Medalha João Ribeiro, Academia Brasileira de Letras
2005 - Prêmio Chico Mendes - Tortura Nunca Mais
2005 - Rio de Janeiro RJ - Medalha Tiradentes, da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro
2005 - Santo André SP - Cidadão Santo André - Câmara Municipal de Santo André
2009 - É nomeado embaixador mundial do teatro pela Unesco

- Fontes de Pesquisa:
BOAL, Augusto. Currículo enviado pelo diretor.
BOAL, Augusto. Teatro do oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977.
CENTRO de Teatro do Oprimido-Rio. Disponível em: [http://www.ctorio.org.br].
CAMPOS, Cláudia de Arruda. Zumbi, Tiradentes. São Paulo: Perspectiva: Edusp, 1988.
DIONISOS - Teatro de Arena. Rio de Janeiro: MEC-SNT , nº 24, out. 1978.
MAGALDI, Sábato. Um palco brasileiro, o Teatro de Arena. São Paulo: Perspectiva, 1984.
MICHALSKI, Yan. Augusto Boal In: Pequena enciclopédia do teatro brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro, 1989. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq.
MICHALSKI, Yan. O teatro sob pressão. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. O palco amordaçado. Rio de Janeiro: Avenir, 1981.
MOSTAÇO, Edelcio. Teatro e política: Arena, Oficina e Opinião. São Paulo: Proposta, 1982.
SANTOS, Renata. A sombra de Carmem. Bravo, São Paulo, n. 20, p. 130-7, maio 1999.
TEATRO do Oprimido (Internacional). Disponível em:[http://www.theatreoftheoppressed.org/en].




quarta-feira, 22 de abril de 2009

Bertold Brecht

O alemão Bertold Brecht(1898-1956) foi um teórico que praticamente antagonizou com Stanislavski, tornando-se um dos pilares de sustentação das artes cênicas no tocante à interpretação e a mentalidade mística a respeito da arte dramática. Seu principal livro "Estudos sobre teatro", de imprescindível leitura para aqueles que pretendem seguir na carreira artística, demonstra passo a passo sua visão sobre o mundo naturalista (Stanislavskiano), que pretende conquistar o público com o sonho, o fingimento e o jogo de faz-de-conta, enquanto que, para Brecht a necessidade maior daqueles que assistem um espetáculo, é absorver a mensagem emitida pelos artistas e não confundir a ficção com a realidade. Para conseguir que o público absorva a mensagem do espetáculo, não se iludindo com a realidade do contexto, Brecht propôs o afastamento do público em relação ao que ocorre no palco. Esse afastamento não se realiza fisicamente e sim emocionalmente, de forma que o espectador não deve envolver-se com o espetáculo, e sim, manter a imparcialidade e a postura crítica diante dos acontecimentos expostos no palco. Para constituir esse afastamento, tudo aquilo que Stanislavski propôs em sua teoria cai por terra, a começar com o cenário e a iluminação, que segundo Brecht, não devem convidar o público ao sonho e sim a certeza de que tudo que se passa no palco é uma mentirinha propositada.
Sobre a teoria do distanciamento do público em relação o que acontece no palco, Brecht elucida:
“ Os esforços do ator convencional concentram-se tão completamente na produção do fenômeno psíquico da empatia, que se poderá dizer que nele, somente se descortina a finalidade principal de sua arte (...) a técnica que causa o efeito do distanciamento é diametralmente oposta à que visa a criação da empatia. A técnica de distanciamento impede o ator de produzir o efeito da empatia”
Porém, Brecth não descarta totalmente o uso da empatia por parte do público. Para o teórico, o ator deve passar a informação com a mesma empatia que uma pessoa passa uma informação cotidiana. Afinal, quem fala quer ser escutado, e para que isso ocorra o emissor deve abordar os assuntos de uma maneira clara e objetiva para que o receptor queira escutar, utilizando-se do recurso da empatia somente para prender a atenção do receptor. Quando uma pessoa é atropelada, por exemplo, alguém conta esse fato para outra pessoa, esse alguém procurará representar essa ou aquela personagem para mostrar o que aconteceu, de forma que, para isso, sem tentar induzir o receptor a uma ilusão de que sua representação é real. O uso da empatia está justamente na forma natural que o emissor busca chamar a atenção do receptor, com pantomima, com o movimento escrachado, com a dor exagerada, com os movimentos trocista e brincalhões, ou sérios e pesarosos, mas sempre no âmbito das informação clara, simples e objetiva.
Para Brecht, o ator consegue distanciar o público, distanciando-se também de sua personagem, buscando representá-lo da maneira mais fidedigna possível, porém mantendo suas prerrogativas em relação a sua personagem, sem deixar de pensar em nenhum momento em suas próprias aspirações , críticas e sentimentos. O ator deve ser profissional o bastante para contribuir sempre para o crescimento de sua personagem independente do que pensa a respeito dela, de forma que, para alcançar a perfeição na interpretação, o ator deverá se ater ao que Brecht chamou de “mesa de estudos”, rejeitando qualquer impulso prematuro de empatia com sua personagem, buscando compreender sua personagem, como um leitor que lê para si próprio, em voz baixa, e não para os outros. Para o teórico as primeiras impressões do ator a respeito da personagem são demasiadamente importantes, pois serão essas as impressões que os espectadores terão quando virem o espetáculo.
Brecht criou o método de “determinação do não antes pelo contrário”. Para conceber melhor o propósito de sua personagem e passar essa informação da melhor forma possível para o público, o ator deve compreender que para cada ação, há um movimento contrário que deve ser previsto. Ex: “Se a personagem anda para direita, é porque ela não anda para a esquerda”. Esse só há de se perguntar: “ Por que minha personagem não anda para a esquerda”. O que a leva nesse momento a andar somente para a direita?”. Para Brecht é importante que o ator saiba que, no palco, ele é apenas um artista que está interpretando uma personagem, ou seja, um intérprete que mostra a personagem, mas não a vive, que tenta interpretá-la da melhor maneira possível, mas que não tenta persuadir-se (tampouco os outros) de que é a própria personagem. Dessa forma, o ator em cena não é Otelo, nem Hamlet, nem Lear e sim um artista que os representa da melhor maneira possível, que dá ao público a chance e o direito de tomar partido, de criticar, de conceber um idealismo sobre as personagens de maneira própria. Cabe ao ator, no palco, propor um debate e não debater.