quarta-feira, 20 de maio de 2009

Dois perdidos numa noite suja

A obra de Plínio Marcos novamente ganha vida, dessa vez, no palco do Sesc Madureira. A peça interpretada por André Gonçalves e Freddy Ribeiro e com direção de Sílvio Guindane, conta a história de dois operários, Paco e Tonho, que trabalham num mercado de peixe do cais do porto descarregando caminhões.
Falidos e semi-marginalizados, ambos dividem um quarto de quinta categoria onde se desenrola toda a trama.
Paco adora matar o tempo tocando sua gaita e provocando Tonho, que não vê a hora de se livrar de Paco e ter uma vida melhor. Mas para que esse sonho se torne realidade Tonho precisa dos sapatos novos de Paco, que por sua vez não quer emprestar. Tonho então propõe a Paco uma troca: Paco emprestaria os sapatos a Tonho para que este conseguisse o tão almejado emprego, e, assim que tivesse dinheiro, compraria uma flauta novinha para Paco, que poderia, enfim, realizar seu sonho de ganhar dinheiro como artista.
O cenário é simples, porem funcional. A iluminação deixou a desejar em algumas cenas, assim como a sonoplastia, mas não foram de todo mal. Vale ressaltar que esses detalhes técnicos só foram menos cobrados, porque o espetáculo foi muito bem conduzido por André Gonçalves, que soube explorar todas as possibilidades que sua personagem podia lhe oferecer dando forma ao drama e um ritmo eletrizante nos diálogos, utilizando-se dos mais variados falsetes e trejeitos, conseguiu dar realismo e naturalidade a suas cenas. Ele tinha a platéia em suas mãos, que gargalhava quando ele sorria, se comovia ao perceber suas dificuldades e desesperava-se quando este estava em apuros. Sem sombra de dúvidas foi uma bela atuação de André Gonçalves, o que já não se pode dizer da atuação de Freddy Ribeiro, que desde o início mostrou para o público que estava cuspindo um texto decorado, não se percebia naturalidade e tampouco realismo. Suas expressões estavam mornas e de jeito algum conseguiu conduzir a platéia, ele apenas quebrava a atenção que nós, na platéia, dávamos as interpretações de André Gonçalves. Contudo, do meio para o final, ele parece ter percebido a necessidade de fazer um teatro mais naturalista e bem executado. Enfim, espero que nós, público e atores, tenhamos um espetáculo bem representado, não só na Zona Sul, mas também em nossos teatros do subúrbio, pois também somos dotados de inteligência.

Um comentário:

  1. Adorei esse espetáculo, e o mais interessante é que ele se mantém atual. É a nossa realidade! O trabalho de Andre Gonçalves foi ótimo, foi o destaque, muito diferente da novela Caminho das Índias em que ele fiqca totalmente de lado. Adorei o texto, e sinceramente, o Freddy nem fez diferença pra mim.. talvez por não ter ido bem, talvez pelo ótimo trabalho de seu colega de cena... deixa pra próxima! rs

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